Recentemente estive em uma palestra sobre vinhos da Borgonha, na qual foram degustados alguns exemplares únicos da região (nenhum deles é importado regularmente para o Brasil) e ao final um jantar com o famoso boeuf bourguignon.
Conhecer um pouco da Borgonha (sim, foi muito pouco já que a palestra foi de 3 horas) nos faz viajar à mais fanática tradição de produção de vinhos. Os borgonheses elevam o conceito de terroir à enésima potência, há uma obsessão por encontrar o melhor local para a melhor uva com a melhor forma de vinificação. Também percebi que lá há um embate da tradição da produção em pequenas escalas e propriedades familiares, com a força econômica da produção com tecnologia (e química...). Utilizam-se, por exemplo, técnicas biodinâmicas, não por adotá-las recentemente, mas na verdade por nunca as terem deixado de usar.
Enfim, foi uma introdução que deixou na boca o gostinho que motiva a entrar mais neste mundo da Borgonha. Espero que o Jean e Sonia façam outros módulos do curso com temas mais detalhados.
Os vinhos apresentados foram todos excelentes e surpreendentes. Desde os Chardonnays, passando pela incrível Pinot Noir e chegando à encorpada e carnuda Gamay ... SURPRESA!!... estranhou???
Esta (abaixo) foi a maior surpresa da noite: tomamos um Gamay de alto potência, com um corpo de fazer inveja. A Gamay, hoje com uma imagem muito desgastada devido aos vinhos de Beaujolais que chegam ao Brasil, foi a principal uva tinta da Borgonha há séculos atrás. O vinho que tomamos foi feita por uma técnica ancestral que mantém a fase de fermentação por mais 1 ou 2 semanas e matura (élevé) em carvalho por 4 anos, assim tirando o máximo da casca e “domando” o vinho nos tóneis. O resultado é um vinho potente, encorpado, complexo, redondo!! Apresento o Gamay de Futur do Chateau de Villars Fontaine.
Por fim, junto com o bouef, nada mais nada menos que um Grand Vin de Bourgogne, um Corton-Renardes Grand Cru da Domaine Marius Delarche.
Além dos participantes do curso, tive a oportunidade de conhecer a Sonia e o Jean que foram maravilhosos na organização e recepção. Proporcionaram um momento único e uma ótima entrada para o mundo da Borgonha.
Também não poderia deixar escapar a oportunidade para comentar um outro vinho que tomamos lá, uma colher de chá do Jean. Foi um vinho de garagem feito por Jean lá no Vale dos Vinhedos: Éléphant Rouge 2008 (acho que é a primeira safra do vinho), um Cabernet Sauvignon excelente, bem estruturado, ótimo corpo, boa complexidade.
Serviço da palestra:
Curso de vinhos da Borgonha
Conduzido por Jean Claude Cara
Realizado por Éléphant Rouge e Madame do Vinho (Sonia Denicol)
Local: La Régalade