Foi uma noite com tudo especial, as pessoas, a conversa, o ambiente, a
comida. No fundo os vinhos foram apenas um complemento a todo este cenário. Só
para vocês entenderem o quão especial foi, os vinhos que complementaram a noite
foram “apenas” o clássico Don Melchor, o
consagrado Quinta do Vale Meão e o
surpreendente (pois não conhecia ainda vinhos brancos desta DOC) Schiopetto
Sauvignon Collio.
A conversa passou por muitos temas: as dúvidas filosóficas
da insignificante existência do homem frente
à descoberta do bóson de Higgs e a
imensidão cada vez mais conhecida do universo, óbvio a política nacional com
indignações de todas as manobras para evitar o julgamento do Mensalão e por fim
um tema mais ameno que foi as maravilhas da sétima arte, o cinema.
Obs.: as outras seis artes são Arquitetura,
Escultura, Pintura, Música, Dança, Poesia, segundo o Manifesto das Sete Artes
do italiano Ricciotto Canudo.
Começamos com entradas regadas pelo Casa Valduga Arte Elegance,
um espumante feito no estilo tradicional com Chardonnay e Pinot Noir que acompanhou
muito bem queijos, canapés de bacalhau desfiado e castanhas.
O serviço do jantar começou com salada de folhas verdes,
kani e ricota, seguido por uma polenta mole com funghi, todos acompanhados pelo
surpreendente Schiopetto Sauvignon Collio, um branco da região de Fruilli,
Veneto , região de excelentes brancos italianos, que apresentou uma acidez bem
equilibrada e toques minerais bem pronunciados.
O prato principal foi um filet com queijo brie, couz-couz
marroquino com vegetais e batatas fritas. Nem preciso dizer que os vinhos que
acompanharam o prato foram algo perto do divino. Primeiro o Quinta do Vale Meão,
o vinho do Douro que já conquistou a alcunha de Barca Nova, referência ao ícone
português Barca Velha. Depois o Don
Melchor, o primeiro ultra-premium vinho chileno.
O Quinta do Vale Meão é predominantemente de Touriga
Nacional, a cepa mais importante hoje de Portugal, com corte de outras cepas
tradicionais do Douro como Touriga Franca, Tinta Barroca e Tinta Roriz. Com cor
vermelha profunda, aromas complexos e
ótimo volume na boca, realmente este
vinho é um expoente da vinivicultura portuguesa.
O Don Melchor é um dos clássicos chilenos que despontaram já
desde o final do século 20. Este exemplar de 2007 mantém esta tradição, bem
pontuado pela crítica e representa bem os vinhos do novo mundo com bom corpo,
aromas de tabaco, chocolate, compota.
A sobremesa foi um brownie de chocolate com sorvete de creme
e calda quente de chocolate. Eu continuei com o Quinta do Vale Meão e Don Melchor.
Os vinhos ficaram um pouco mais amargos
mas, como eles tem ótima estrutura, combinaram bem. Na verdade, eu não iria deixar
nenhuma gota desses vinhos na garrafa, independente do que viria após o prato
principal ;)).
Terminamos a noite em completa harmonização com comida,
vinho, assuntos e ambiente.
Conseguiram entender como foi essa noite, na qual esses
espetaculares vinhos foram apenas coadjuvantes?