Em termos filosóficos, restrição gera restrição!!! Restringir cria um círculo vicioso: menos vinhos importados, menos opções, menos consumidores, menor mercado, menor incentivo, menos opções, menos consumidores..... No limite, a tendência é diminuir até a extinção.
Está mais do que provado nas teorias econômicas que precisa crescer o bolo para melhor dividi-lo. Expandir cria o circulo virtuoso: mais opções, mais consumidores, maior mercado, maior incentivo, mais opções, mais consumidores. No limite, a tendência é expandir até abranger a toda base de possíveis consumidores.
Portanto, este é o primeiro equívoco na implantação do Regime de Salvaguarda do vinho brasileiro.
Segundo equívoco:
Parte-se do princípio que quando o consumidor brasileiro não encontrar o vinho importado que costumava comprar, este irá substituí-lo por um vinho brasileiro. Em alguma porcentagem isto poderá ocorrer, mas na maioria o brasileiro irá substituir o vinho importado de qualidade por outro de menor qualidade.
Terceiro equívoco:
O Regime de Salvaguarda tem por objetivo proteger a indústria nacional "por um período" para que o fabricante brasileiro consiga igualar em preço e qualidade o produto estrangeiro. Isso nunca ocorrerá, pois:
a) o vinho é totalmente dependente do terroir, não há como igualar em qualidade;
b) o alto custo do vinho brasileiro não é devido a falta de produtividade, e sim pelos altos custos da cadeia toda, incluindo impostos, custo de capital, infraestrutura cara (energia, transporte), entre outros fatores (veja meu post sobre este tema: http://vinhos-por-barnes.blogspot.com.br/2012/02/precos-no-brasil-impostomargem-ou-tem.html)
Quarto equívoco:
Esta medida irá reforçar o contrabando de vinhos importados. É notório que nosso país é corrupto e que as fronteiras não são controladas adequadamente. Assim, muitos vinhos de qualidade irão entrar no país por vias "não-oficiais". Todos etiquetados com o "selo de garantia". Além de aumentar a carga de nossos queridos viajantes ao exterior que irão trazer muitas "encomendas" dos que ficam por aqui.